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Friday, January 16, 2004

Solidão

Na rua onde eu moro só eu moro,
na rua onde eu passo ninguém passa;
na casa em que habito há um namoro,
vem frémita a tristeza e me abraça...

Se eu, por desventura, me demoro,
que triste e só e gélida é a praça!
As sombras já crepitam desaforo,
levanta-se um silêncio de desgraça...

Na rua onde eu moro só eu sei
os passos devagar que nela dei,
e sempre lá regresso, cedo ou ébrio;

Ocupo o velho trono como um rei
na casa onde reina uma só lei:
cumprir todos os dias do meu tédio

Norberto Cardoso
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